sexta-feira, 23 de abril de 2010

Desafios!





A observação é um instrumento poderoso!
Antes de iniciar o estágio, passei a observar as características de minhas crianças. Características de aprendizagem, de trabalho, de personalidade...temperamento.
E graças à estas observações pude estabelecer com as crianças uma rotina diária que atende, intercala e associa o lúdico, os momentos de descontração(mesmo estes com objetivos determinados), às construções, aos momentos de registros, aos momentos "mais tranquilos".
Óbvio que algumas colegas já falaram dos constantes barulhos na minha sala, uma vez que torna-se impossível brincarmos, jogarmos e criarmos em silêncio, bem como o fato das crianças dificilmente trabalharem sentadas. Disseram acreditarem que o que estou construindo são alunos "desobedientes"(sic), mas já avisaram-me que ao chegarem em suas turmas "esta falta de disciplina vai acabar"!
Independente destas "ameaças terroristas", estou me deslumbrando com os caminhos que a minha turma está tomando.
Com uma exceção (caso de negligência familiar) as faltas reduziram drasticamente e quando elas acontecem vêm acompanhadas de justificativas dos pais. As crianças entram na sala até na hora do recreio(eu permaneço em sala neste momento). Passamos a rir juntos e organizamos nosso tempo de forma democrática
Tenho experimentado a alegria de ensinar, de criar. Fantoches, jogos pedagógicos, laboratório de informática, bonecos, boliches, brinquedos...podemos tudo!!!
Os cadernos assumiram uma posição secundária, bem como o quadro-de-giz. Claro que o usamos, mas desvinculadamente de ser o único recurso pedagógico.
As regras (e elas existem) estão sendo criadas "automaticamente" e estabelecidas de acordo com as necessidades.
O desafio da construção da aprendizagem, do conhecimento está sendo mais fácil a partir do momento que sei onde quero chegar e por que quero chegar lá, ou seja, a partir do momento em que um planejamento completo constitui, faz parte do meu dia e do dia das minhas criancas.
Estas imagens são do jogo de boliche dos animais em que trabalhamos a adição e a subtração e dos fantoches feitos por mim, em E.V.A., onde trabalharemos a inclusão através da história da Arca de Noé.
Vou indo...de desafios em desafios!!!

domingo, 18 de abril de 2010

De volta ao primeiro amor!

Fui questionada recentemente por uma colega, por ter aprovado uma aluna que ela julgava não ter condições.
Não avaliou e nem levou em consideração o fato de ser uma inclusão, ter uma história de abandono e toda questão de laudo médico confirmando Paralisia Cerebral e Deficiência mental Leve. Seus progressos não lhe interessavam (consforme suas próprias palavras) e estava avisando-me que a reprovaria, mesmo sabendo que estamos no início do mês de abril e, portanto, falta-nos 9 meses ainda de aula até o final do ano! Será que não haverá nenhum crescimento até lá?
Como dizer que alguém que não sabia segurar o lápis e agora lê, não sabe nada?
Saí incomodada desta conversa e desiludida(de certo modo). Esta aluna já está rotulada. Seu futuro já foi decidido e não há o que se possa fazer para mudá-lo. PRONTO! Diagnóstico feito...decisão tomada!
Causa-me tristeza ver um endurecimento tão grande no coração, no pensamento e nas práticas pedagógicas.
Lembrei de todas as vontades, o idealismo, as idéias que tive ao me formar professora e de certa forma questionei-me se ela também não os teve...
Se aquele entusiasmo digno de quem vive um primeiro amor existiu?
Se existiu...uma pontinha que seja, está na hora de se voltar ao primeiro amor!!!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pedagogia da compreensão.

Estive lendo um artigo de autoria de Vito Perrone, que coloca-nos a convocação dos alunos para irem além dos fatos, tornando-se solucionadores de problemas e pensadores criativos.
Busca-se assim uma visão de múltiplas possibilidades no que estudam e a aprenderem a agir à partir de seu conhecimento.
Esta busca pela aplicação da Pedagogia da Compreensão(algo nada novo) está em ascensão mais uma vez, acredito que em função do reconhecimento da necessidade de mudança na educação, assegurando educação de qualidade a todos os alunos, não apenas à elite social.
Temos visto o crescimento da busca por parte dos professores, de uma compreensão do que é ensinado e a lógica nos ensina que só há compreensão daquilo que é a realidade do aluno.
Por isso e para isso, o planejamento do professor deve ser suficientemente flexível e atraente servindo para todos alunos, todos os níveis de capacidade e rendimentos.
Um dos maiores desafios, sem dúvida, está em não passar uma mensagem padronizada e sim adaptá-la para atender aos alunos em particular . Afinal, se o objetivo do ensino é a compreensão, então os alunos devem ter atuação ativa na apropriação de suas idéias.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Liberdade de expressão!

Ontem, ao propor um desenho livre à minha turma, ouvi a seguinte colocação de uma das crianças de oito anos:
"Profe, não posso fazer desenhos, porque não sou bom nisto!"
Depois de estimulá-lo a tentar e afirmar que os lápis tornam-se mágicos quando estão nas mãos de crianças, lembrei-me imediatamente do texto: O menininho, trabalhado na interdisciplina de Didática no sétimo semestre., onde o menininho teve sua criatividade tolhida e passa a reproduzir a vontade da professora.
Comecei a observar e notei que ao distribuir as folhas para o desenho, mesmo falando, eles perguntavem o que era para ser desenhado ali!
Resolvi discutir com eles conceito de Liberdade...de ser Livre, de fazer algo livremente!
Gente!!!Que barbaridade!!! Sem iniciativas, sem auto-estima, sem vontade própria...Robôs.
Fiquei questionando-me sobre quem queremos criar? Que tipo de crianças estamos criando em nossas salas de aula? Meus alunos pedem se podem fazer tudo...se podem desenhar, se podem pegar o caderno, se podem emprestar o material, se podem lanchar, se podem falar, se podem ir ao banheiro...E eu me pergunto: será que eles podem ser crianças? Onde está a Liberdade de expressão? Onde está a criança que fomos?
Será que criarmos robôs é a única saída encontrada para combatermos a famosa "Indisciplina"? Será que estamos confundindo Indisciplina com Liberdade de expressão? Pois houve um tempo em que muito confundiu-se Liberdade com Libertinagem,quem sabe novamente estamos confundindo os termos e seus significados? Não posso acreditar que estejamos ainda criando frutos de uma educação castradora e completamente tradicional que muitos de nós, atuais "educadores", recebemos.
Esta na hora de abrirmos as algemas de nossos alunos!


Está na hora de abrirmos as algemas que colocamos em nossas crianças...

domingo, 4 de abril de 2010

Pensar, pensar, pensar...

Tem sido uma época reflexiva para mim!
Práticas que me levam a refletir sobre erros e acertos, leituras que fazem com que eu me veja no caminho ou à caminho, enfim, minha atenção toda voltada para os fins pedagógicos. Pego-me refletindo pedagogicamente até nos momentos de lazer.
Analisando à "luz de Freud" atos e atitudes dos outros e meus.
Pego-me meditando sobre o que Paulo Freire diria ou faria em determinada situação, sobre como aplicar as provas Piagetianas e assim trabalhar a inclusão...já perdi as contas das vezes que as colegas me chamam atenção por estar presente só de corpo nos lugares.
Meus pensamentos voam alto!
Falta-me tempo em um dia para fazer tudo que desejo, que sonho, que almejo!
Aquelas horas que passo em aula, perduram muito além do sinal de saída.
Discuto situações e saídas com as pessoas mais próximas, com a minha família! Peço conselhos, pesquiso, procuro...nunca estou contente com o limite alcançado, acredito que posso melhorar ainda mais.
Acho que o bichinho da insatisfação me mordeu!!!