quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Competência versus Mediocridade.

"Competência é a capacidade do sujeito mobilizar recurso (cognitivos) a sua volta visando abordar uma situação complexa."
Inicio esta postagem com a proposta de Philippe Perrenoud, adaptada por Vasco Pedro Moretto, no livro "Prova, um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas" (Rio de Janeiro, DP&A,2002), pois lendo este livro compreendi que quando falamos em desenvolver competências em nossos alunos, queremos abordar aí, três aspectos importantes que são:
1º)Uma capacidade do sujeito, ou seja, quando ele "é capaz de".
2º)Ligação ao verbo MOBILIZAR, significando movimentar com força interior(não transferir de um lado para o outro).
3º)Ligação com a palavra RECURSOS, que além dos recursos da cognição (conhecimento intelectual) necessita recursos do domínio emocional.
Ou seja, quando falamos em competências, não podemos associá-la à uma forma "certinha", tradicional de impôr a aprendizagem e sim falamos de alguém que elabora situações que levem o aluno à manifestar suas competências e a construir seu conhecimento.
E foi refletindo à respeito deste desenvolvimento de competências que, novamente, voltei à questão da avaliação. Para um ensino voltado ao desenvolvimento de competências, a avaliação torna-se "...um momento privilegiado de estudo e não um acerto de contas"(Prova, um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas- Rio de Janeiro, ed. DP&A, 2002). Afinal queremos ser competentes ou passar a vida inteira no limite entre a mediocridade e a incompetência escolar?

domingo, 25 de outubro de 2009

Antes X Depois!

Na aula presencial do dia 21/10 escutei um colega dizendo o quanto estava maravilhado com as mudanças em sua prática pedagógica. Enquanto eu o escutava, parecia que estava me ouvindo falar!
Também notei as mudanças depois, nada muito brusco na hora,mas a longo prazo.
De repente,na mesma aula escuto um outro colega comentando que então o que o colega havia feito em quase 30 anos em sala de aula? Antes de "mudar" ele nunca havia ensinado? Então o que fizera?
Pensei à respeito das duas situações! Realmente a minha prática docente está mais decente, mudou o meu jeito de trabalhar, a minha visão, o meu conceito de aprendizagem, passei a respeitar e trabalhar com os conhecimentos prévios das crianças, utilizo Projetos de aprendizagem na minha turma. Sinto-me mais viva como profissional. E então, apesar de não ter 30 anos em sala de aula, percebi que antes eu havia ensinado sim, mas a qualidade, a maneira como isto acontecia era só unilateral. Eu ensinava, eu transmitia, eu, eu, eu, eu...Não os alunos, não o conhecimento construído, não à existência do conhecimento prévio!
Então colega, respondo-lhe: ensinamos sim, não quero rejeitar o passado, mas utilizá-lo para modificar o presente e o futuro. Se podemos modificar o presente para melhor, por que ficar questionando a validade do que já fizemos? Ensinamos sim, colega! Houve aprendizagem sim,mas com certeza agora ela é de muita qualidade!
Ela é fundamentada na parceria: participação construtiva do aluno no processo de aprendizagem e a necessidade de intervenção do professor para a aprendizagem. Somos mais de um para montar este quebra cabeças!!!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dificuldades de aprendizagem.

Estive lendo e pesquisando sobre dificuldades de aprendizagem e uma frase do fonoaudiólogo Jaime Luiz Zorzi, doutor em Educação, chamou minha atenção, ela diz o seguinte: "Se os índices de fracasso escolar brasileiros na tentativa de alfabetização se devessem à distúrbios de alunos, poderíamos crer numa epidemia."
O mesmo doutor afirma que a Organização Mundial da Saúde tem estimativas que entre 10 e 15% do total de crianças com problemas de aprendizagem apresentam distúrbios orgânicos (incluindo deficiência mental, auditiva, motora, visual e múltiplas, além de casos como a dislexia). sendo que o índice de fracasso escolar atinge 40% ou mais. Nestas situações não estão computados os estudantes que passam de ano sem ter aprendido corretamente.
Fiquei questionando-me ao que deve-se esta discrepância nos dados e concluí que muitas vezes falta ajuste entre o método utilizado pelo professor e as características do aluno.
Vemos constantemente "diagnósticos" de transtornos de déficit de atenção quando na realidade, o comportamento desatento está ligado ao que as escolas e professores oferecem em termos de ensino. Não existe, muitas vezes, o trabalho feito com a realidade trazida pelo aluno.
E voltamos, aí, a um ponto muito forte e preocupante: a avaliação.
O que vemos é a avaliação onde as crianças são avaliadas pelo ponto fraco e não pelo forte. . Como tudo o resto somos avaliados pelo que não fazemos, ou não temos, ou não somos.
Pedro Demo (Avaliação Qualitativa-ed.rev.-Campinas,S.P.-Autores Associados, 2002) coloca muito bem, quando nos diz que: "Refletir é também avaliar e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos etc."
Quem sabe o que nos falta é olhar diferenciadamente para cada aluno? É possível. Basta querermos, só precisamos ajustar o método às características dos alunos.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Agradecimento à Piaget!!!

Em um comentário feito numa postagem anterior, a professora Beatriz colocou como era interessante o quanto a mudança causava desconforto e cita, sabiamente, Piaget, dizendo:"Para mudarmos, precisamos nos desacomodar e isto significa sair da zona de conforto."
Confesso que voltei lá muitas vezes e fiquei com a citação de Piaget na cabeça e ao olhar determinadas situações ela logo aparecia, como um grande aviso em neon, piscando à minha frente.
Às vezes por motivos que não são nem justificativas, a vontade de acomodar-se e deixar tudo como era, volta. Realmente professora, tudo era muito mais confortável, tudo era muito arrumadinho. A "engrenagem" funcionava em uma única direção, encaixada em outras que giravam perfeitamente. Meu mundo era arrumadinho!!!
Que bela bagunça eu acabei fazendo!!!
Saí da "zona de conforto", gerei alguns desconfortos por conta disto e descobri que este caminho não tem volta, porque é repleto de comprometimento.
E uma vez descoberto não tem como desistir!
Piaget tinha razão!!!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sobre contos de fadas e viagens especiais!!!

Li a reportagem da revista Nova Escola e fiz um resumo das idéias centrais do texto...
A criança antes de falar, já é capaz de entender as histórias contadas pelos adultos. O relato cotidiano ou os contos de fadas vão fazer com que aos poucos adquiram um repertório de imagens, nomes e roteiros de ações utilizadas mais tarde.
Quando a criança conquista condições fisiológicas de falar, começa a narrar o que acontece no tempo, ela vai acessar todos os diferentes repertórios acumulados desde os primeiros meses de vida.
Maria Virgínia Gastaldi explica que: " o pensar não se estrutura internamente, mas no momento da fala.A narrativa, que é a primeira estrutura da oralidade que a criança tem contato, é o que modela e estimula a atividade mental."
Como deve ser, então a postura do professor ou da família? O ideal é que sejam co-construtores das narrativas, incentivando a criança a avançar nos recursos que utiliza em suas construções. Envolve uma relação de cumplicidade entre a criança e seu interlocutor.
Quando a criança começa a contar sobre o passeio que fez ao zoológico e termina contando como quase caiu na jaula do leão, estão fazendo a ligação do faz de conta no pensamento infantil e a maneira de apreender o mundo e elaborar os sentimentos conforme nos diz Gilka Girardello: "A criança brinca com sua realidade, extravasando-a para experimentar outros paéis e situações."
Ela nos coloca que, fazendo isto, as crianças vão articular imagens do repertório conquistado ao longo de sua vida.
Dra. Ana Paula Stahlshmidt coloca-nos que trata-se de um "experiência em que os pequenos podem brincar com a realidade em que dão sentido pessoal aos elementos do ambiente e os elaboram à sua maneira para com ele poder lidar."
Existe um outro lado exposto por Lélia Erbolato Melo, que nos coloca a incorporação do elemento da dramatização, onde tornam as histórias interessantes incluindo ação, conflitos e o inesperado. Tudo por que ao ouvir histórias a criança cria hipóteses sobre como seria se estivesse frente aos mesmos dilemas e situações.
Quando a criança assume o papel de narrador da história é comum a flexibilidade de fronteiras entre experiência pessoal e situação imaginada, tanto nos relatos reais como nas histórias ficcionais. É um processo comum e saudável misturá-las (realidade e ficção) para mais tarde separá-las.
Quanto ao adulto, não cabe questionar se é verdade ou invenção, mas participar da aventura e pedir detalhes, além do cuidado de não tirar conclusões precipitadas sobre as narrativas. O aluno falar de uma briga não quer dizer que aconteça na casa dele, pois não é possível saber a quem se remetem com seus personagens.