sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Freud explica?

"Educar ao lado de governar e psicanalisar é uma profissão impossível." (Sigmund Freud)
Se possível eu continuaria esta frase assim:"...mas os professores conseguem!"
O psiquiatra e psicoterapeuta José Outeiral coloca-nos muito bem uma destas situações:
"... os pais ''terceirizaram" cuidados parentais para as escolas-sobretudo aspectos éticos e morais e educação sexual. E as escolas às vezes assumem este papel ... Na verdade, as famílias estão desorientadas e perplexas, sem saber como agir, e as escolas são, de certa forma o lugar onde elas imaginam encontrar ajuda". (OUTEIRAL, José -XII Seminário de Pedagogia Universitária-Ritter dos Reis).
Passamos à cumprir o papel de educar e com esta aproximação aos deveres familiares não cumpridos, começamos a psicanalisar, a atender os "porquês e achar os "comos".
Fora toda esta situação, ainda esperam de nós o governo! Governar caminhos de aprendizagem, governar casa, família, governar, governar...
E conseguimos! Como? Freud explica!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

NÓS=EU...

Estava escutando, dias atrás, a entrevista de um jogador de futebol "famoso". Confesso que embora já devesse estar acostumada, fiquei impressionada com o que observei.
Durante toda entrevista, o jogador em questão, colocava-se sempre na primeira pessoa do plural (NÓS), ou então referia-se a si como "A GENTE".
Nesta hora, percebi-me estabelecendo uma "curiosa" relação entre professores e jogadores de futebol.
Enquanto muitos de nós trabalham 60 horas para poderem ter seu carro popular (claro que não falo de um carro zero km), ou sobreviverem durante o mês, a "estafante" jornada diária de um jogador de futebol resume-se a, no máximo, 8 horas por dia e rende-lhes, se quiserem, um carro importado de luxo, a cada semana.
Mesmo que um professor trabalhe um ano inteiro, três turnos por dia, não conseguirá alcançar a metade de um salário mensal de um jogador de futebol, mas nós professores, não somos responsáveis pela "alegria do povo".
Vi muita gente chorando por seu time, por jogador que chega ou que vai, por um gol feito ou sofrido, mas confesso que nunca vi pais chorarem pela desatenção com seus filhos, pelo descaso com a escola, por uma aprendizagem ocorrida, nem pela emoção de ver seu filho querer aprender. O que dirá por ver um professor esforçar-se para trabalhar doente, sem material, correndo riscos...
O jogador de futebol quando sente-se ameaçado, contrata seguranças e o seu clube reforça-a para garantir sua integridade. O professor quando é ameaçado, ou perde sua vida ou tem que trocar de escola, de casa ou até de cidade.
Fiquei pensando nisto enquanto olhava a entrevista ir acabando e fiquei pensando o quanto buscamos melhorar, crescer, estudar mais, aperfeiçoarmo-nos.
Sabe qual foi a minha única tristeza ao olhar este panorama? A grande e violenta distorção de valores, onde quem proporciona a "alegria do povo" tem reconhecimento(de todos os tipos) garantido e quem garante a educação para o povo, quase mendiga melhores condições e já desistiu do reconhecimento à muito tempo.
Este é o Brasil das grandes desigualdades sociais, mas principalmente das desigualdades morais...Onde o jogador de futebol, constrói seu ego a ponto de tornar-se plural e os professores sonham com o tempo que não volta mais, onde poderiam ter sido simplesmente jogadores...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Acumular saberes...não mais!

Li em um artigo de Juan Ignacio Pozo que os seres humanos são, possivelmente, os únicos capazes de ensinar. Outros animais aprendem, inclusive se comunicam por meio de linguagem e resolvem problemas, contudo não ensinam os seus, por que segundo afirmação do autor, ensinar "requer ler a mente do outro, saber o que ele não sabe e propor atividades para ajudá-lo a aprender."
Desta maneira, o autor quer dizer que precisamos entender o modo como os alunos aprendem, as dificuldades que têm de enfrentar, como se sentem e a maneira que podemos influenciar em suas relações afetivas e sociais.
É compreendendo como funciona a mente dos alunos que vamos conseguir ajudá-los a aprender, pois afinal, não queremos "empurrar" aprendizagem sobre eles.
Para que isto aconteça, retorno a um ponto já descrito em outras postagens e reforçado nesta: é preciso mudar a mentalidade dos docentes!
Mudando suas concepções sobre o que é aprender e ensinar, repensando os objetivos por disciplinas e concluindo, a maneira de avaliar o conhecimento construído, estaremos construindo novas formas de pensar e conhecer e não apenas acumular saberes!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sujeito ativo da aprendizagem!

Assisti ao DVD "A construção da leitura e da escrita do adulto na perspectiva Freireana" e confesso que fiquei com uma frase, entre outras, gravada na minha mente e dizia mais ou menos assim: "O erro deve ser entendido como o momento do acerto."(Gadotti)
Precisamos encarar esta realidade como algo concreto e partirmos dela para oferecer, para proporcionar o momento de acertar, o momento de construir o conhecimento.
Partir do suposto erro, desestabilizar esta construção e daí acompanhar a elaboração da construção do conhecimento.
Como Piaget nos coloca, a criança apodera-se do conhecimento se "agir" sobre ele, pois aprender é descobrir, inventar, modificar. Portanto o que fica claro para mim, é que o que leva o aluno à aprendizagem, não é o cumprimento de uma série de tarefas, mas a compreensão e vivência de diversas situações de aprendizagem.
Como Maria Fernandes coloca em seu livro: Os segredos da alfabetização- São Paulo: Ed. Cortez, 2008:
"O aprendiz é um sujeito que protagoniza o seu processo de aprendizagem. É alguém que vai produzir, pois irá transformar as informações que recebeu em conhecimento próprio. Essa assimilação não se dá por si mesma e no vazio, mas a partir de situações nas quais ele possa agir sobre as características do objeto, pensar sobre ele, recebendo ajuda, sendo desafiado a refletir, interagindo com outras pessoas."
Precisamos, como educadores e como aprendizes de um novo (pelo menos para mim) modelo de ensino, mudar nossa visão, desacomodar nossas conhecimentos e interagirmos com outras pessoas, trocando experiências.
Assim estaremos sendo sujeito ativo da nossa aprendizagem e permitindo que nossos alunos também o sejam.