quinta-feira, 17 de junho de 2010

Avaliação: não é possível regredir!


Semana passada tivemos o conselho de classe.
Entre discussões (de casos encaminhados), constatações (de crescimentos e falhas), pedidos (sempre querendo mais!) e descobertas (várias!!!), uma certeza ficou: não tem como avaliar um aluno(uma criança) olhando somente o que consegue ou não registrar, suas produções, ou "provas".
Consegui lançar sobre meus alunos um olhar especial e único, um olhar individual.
Este olhar só foi possível graças à observação contínua, pois desde que iniciaram-se as aulas, observei-os e quis conhecê-los individualmente, quais suas realidades, seus conhecimentos prévios, o que lhes dá prazer e como gostam de trabalhar.
Por observá-los individualmente que concluí não poder restringir a avaliação à "medidas estanques", a conteúdos assimilados ou não.
Cada um deles teve seu crescimento. Não se pode estabelecer um nível e igualá-los.
Foi por isto que ao avaliar meu aluno Nathanael, não dei a ele um NA, embora ele não tenha alcançado os objetivos propostos. Como classificá-lo como NA, se o seu crescimento foi algo gigantesco? Talvez ele não esteja alfabetizado, mas como avaliá-lo negativamente depois que passou a escrever seu nome corretamente, quando lá no início escrevia uma mistura de letras e números, acreditando ser seu nome?
Como "crivar" uma criança com NA por que não alcançou os conteúdos estipulados, mas que agora socializa seu material de maneira civilizada, interage com seus colegas, organiza-se claramente com seu material e suas atividades, ajuda aos colegas, não briga, não bate mais durante o recreio e outros momentos de brincadeiras? Não tem como avaliá-lo negativamente!!! Seu progresso é absurdamente grandioso! De acordo com minhas observações, minha vivência som ele, seu crescimento foi de 100%. Seu aproveitamento tmbém!
Este critério foi levado ao Conselho de Classe, para a Supervisão e Orientação Escolar, a qual me foi dado todo apoio e respaldo.
Preocupa-me, contudo, o futuro dele, pois se não se alfabetizar, como reprová-lo frente à tudo que evoluiu? Uma única conclusão: trabalho árduo...muito trabalho árduo e em equipe... até o fim do ano!

2 comentários:

mauranunes.com disse...

Talvez tenhamos de repensar sobre os verdadeiros objetivos a serem alcançados em um processo de avaliação. É impossível não observar o aluno em todos os níveis, ou não levar em conta todas as facetas de seu crescimento. Bem colocado Carla! Isso só motiva a seguir trabalhando e investindo nos alunos, cada um com suas particularidades. Bjs, Maura - tutora do SI

Zeforni disse...

Pierre Bourdieu dizia que "O mais adequado intrumento de legitimação das hierarquias sociais é a avaliação escolar".
Com efeito, isso se torna evidente quando, no processo, muito menos do todo e muito mais de partes desconexas, são analisadas pelo executor. Na direção contrária , Paulo Freire tentava resgatar o universo imenso de competências inatas de cada estudante/criança/avaliado de forma que ficassem claras ao avaliador/professor. A busca de uma análise/avaliação mais abrangente e dinâmica é desafio que todo educador (a) deve buscar.